No collegio dos Isidoros, ás terças e sabbados, o sebento padre Soares dizia esfuracando os dentes — «que havia, meninos, lá n’um sitio da Judêa...» Era alli! «...uma arvore que segundo dizem os authores é mesmo d’arripiar...» Era aquella! Eu tinha ante meus frivolos olhos de Bacharel a sacratissima Arvore d’Espinhos!
E logo uma idéa sulcou-me o espirito com um brilho de visitação celeste... Levar á titi um d’esses galhos, o mais pennugento, o mais espinhoso, como sendo a reliquia fecunda em milagres a que ella poderia consagrar seus ardores de devota e confiadamente pedir as mercês celestiaes! «Se entendes que mereço alguma coisa pelo que tenho feito por ti, traze-me então d’esses santos lugares uma santa reliquia...» Assim dissera a snr.ª D. Patrocinio das Neves na vespera da minha jornada piedosa, enthronada nos seus damascos vermelhos, diante da Magistratura e da Igreja, deixando escapar uma baga de pranto sob seus oculos austeros. Que lhe podia eu offerecer mais sagrado, mais enternecedor, mais efficaz, que um ramo da Arvore d’Espinhos, colhido no valle do Jordão, n’uma clara, rosada manhã de missa?
Mas de repente assaltou-me uma aspera