Página:A Relíquia.djvu/229

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Debruçado sobre as clinas, o sapiente Topsius apontava-me o adro primordial, chamado «o Pateo dos Gentilicos», vasto bastante para receber todas as multidões de Israel, todas as da terra pagã: o chão liso rebrilhava como a agua limpida d’uma piscina: e as columnas de marmore de Paros que o ladeavam, formando os Porticos de Salomão, profundos e cheios de frescura, eram mais bastas que os troncos nos cerrados palmares de Jerichó. Em meio d’esta área, cheia de ar e de luz, elevava-se, em escadarias lustrosas como se fossem d’alabastro, com portas chapeadas de prata, arcarias, torreões d’onde voavam pombas, um nobre terraço, só accessivel aos fieis da Lei, ao Povo eleito de Deus, o orgulhoso «Adro de Israel». D’ahi erguia-se ainda, com outras claras escadarias, outro branco terraço, o «Atrio dos Sacerdotes»: no brilho diffuso que o enchia negrejava um enorme altar de pedras brutas, enristando a cada angulo um sombrio corno de bronze: aos lados dois longos fumos direitos, subiam devagar, mergulhavam no azul com a serenidade d’uma prece perennal. E ao fundo, mais alto, offuscante, com os seus recamos d’ouro sobre a alvura dos marmores, niveo e fulvo, como feito de ouro puro e neve pura, refulgia maravilhosamente,