Página:A Relíquia.djvu/277

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as borlas das tunicas, como n’uma calamidade publica.

Gad surgiu diante de nós, erguendo os braços triumphantes:

— O Pretor é justo e liberta o Rabbi!...

E, com a face cheia de brilho, revelava-nos a doçura da sua esperança! O Rabbi, apenas solto, deixaria Jerusalem — onde as pedras eram menos duras que os corações. Os seus amigos armados esperavam-no em Bethania: e partiriam ao romper da lua para o oasis d’Engaddi! Lá estavam aquelles que o amavam. Não era Jesus o irmão dos Essenios? Como elles o Rabbi prégava o desprezo dos bens terrestres, a ternura pelos que são pobres, a incomparavel belleza do reino de Deus...

Eu, credulo, regosijava-me — quando um tumulto invadiu a galeria que um escravo viera regar. Era o bando escuro dos Phariseus, em marcha para o banco de pedra, onde Rabbi Robam conversava com Manassés, enrolando dôcemente nos dedos os cabellos da criança, mais louros que os minhos. Topsius e eu corremos para a turba intolerante. Já Sarêas, no meio, curvado, mas com a firmeza de quem intíma, dizia:

— Rabbi Robam, é necessário que vás fallar ao Pretor e salvar a nossa lei!