— Que faria o procurador de Cesar em Alexandria se um visionario descesse de Bubastes proclamando-se rei do Egypto? O que tu não queres fazer n’esta terra barbara da Asia! Teu amo dá-te a guardar uma vinha, e tu deixas que entrem n’ella e que a vindimem? Para que estás então na Judêa, para que está a sexta legião na torre Antonia? Mas o nosso espirito é claro, e a nossa voz é clara e alta bastante, Poncius, para que Cesar a ouça!...
Poncius deu um passo lento para a porta. E com os olhos faiscantes, cravados n’aquelles judeus que astutamente o iam enlaçando na trama subtil dos seus rancores religiosos:
— Eu não receio as vossas intrigas! murmurou surdamente. Elius Lamma é meu amigo!... E Cesar conhece-me bem!
— Tu vês o que não está nos nossos corações! disse Rabbi Robam, calmo como se conversasse á sombra do seu vergel. Mas nós vemos bem o que está no teu, Poncius! Que te importa a ti a vida ou a morte de um vagabundo de Galilêa?... Se tu não queres, como dizes, vingar deuses cuja divindade não respeitas, como pódes querer salvar um propheta cujas prophecias não crês?... A tua malicia é outra,