a força como a geada sécca a macieira. E agora, sem trabalho, com os filhos de sua filha a alimentar, procurava pedras raras nos montes — e gravava n’ellas nomes santos, sitios santos, para as vender no Templo aos fieis. Em vespera de Paschoa, porém, viera um Rabbi de Galilêa cheio de cólera que lhe arrancára o seu pão!...
— Aquelle! balbuciou suffocado, sacudindo a mão para o lado de Jesus.
Eu protestei. Como lhe poderia ter vindo a injustiça e a dôr d’esse Rabbi, de coração divino, que era o melhor amigo dos pobres?
— Então vendias no Templo? perguntou o terso historiador dos Herodes.
— Sim, suspirou o velho, era lá, pelas festas, que eu ganhava o pão do longo anno! N’esses dias subia ao Templo, offertava a minha prece ao Senhor, e junto á porta de Suza, diante do Portico do Rei, estendia a minha esteira e dispunha as minhas pedras que brilhavam ao sol... Decerto, eu não tinha direito de pôr alli tenda: mas como poderia eu pagar ao Templo o aluguer de um covado de lagedo para vender o trabalho das minhas mãos! Todos os que apregôam á sombra, debaixo do portico, sobre taboleiros de cedro, são mercadores ricos