Página:A Relíquia.djvu/311

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tropeçando e apalpando o ar, d’olhos fechados, para não vêr as fórmas impuras das mulheres; alguns mascarrados de cinza, gemendo, com as mãos apertadas sobre o estomago — em testemunho dos seus duros jejuns! Depois Topsius mostrou-me um Rabbi, interpretador de sonhos: n’um carão livido e chupado os seus olhos fundos luziam com a tristeza de lampadas de sepulchro: e, sentado sobre saccos de lã, estendia por cima de cada devoto, que vinha ajoelhar aos seus pés nús, a ponta d’um vasto manto negro com signos brancos pintados. Eu, curioso, pensava em o consultar — quando de repente gritos afflictos resoaram no atrio. Corremos. Eram levitas, com cordas e vergas, chibatando furiosamente um leproso que, em estado de impureza, penetrára no pateo de Israel. O sangue salpicava as lages. Em torno crianças riam.

Ia cahindo a sexta hora judaica, a mais grata ao Senhor, quando o sol, na sua marcha para o mar, pára sobre Jerusalem a contemplal-a com paixão: e, para nos acercarmos do «atrio d’Israel», fomos penosamente fendendo a multidão que alli remoinhava vinda de toda a terra culta e barbara... O rude saião de pelles dos pegureiros das Idumêas roçava a chlamyde curta dos gregos de