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Página:A Relíquia.djvu/37

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e os pés das mesas eram dourados como as columnas d’um altar. A titi estava sentada no meio do canapé, vestida de sêda preta, toucada de rendas pretas, com os dedos resplandecentes de anneis. Ao lado, em cadeiras tambem douradas, conversavam dois ecclesiasticos. Um, risonho e nedio, de cabellinho encaracolado e já branco, abriu os braços para mim, paternalmente. O outro, moreno e triste, rosnou só «boas noites.» E da mesa, onde folheava um grande livro de estampas, um homemzinho, de cara rapada e collarinhos enormes, comprimentou, atarantado, deixando escorregar a luneta do nariz.

Cada um d’elles vagarosamente me deu um beijo. O padre triste perguntou-me o meu nome, que eu pronunciava Tedrico. O outro, amoravel, mostrando os dentes frescos, aconselhou-me que separasse as syllabas e dissesse The-o-do-ri-co. Depois acharam-me parecido com a mamã, nos olhos. A titi suspirou, deu louvores a Nosso Senhor de que eu não tinha nada do Raposo. E o sujeito de grandes collarinhos fechou o livro, fechou a luneta, e timidamente quiz saber se eu trazia saudades de Vianna. Eu murmurei, atordoado:

— Sim, titi.