Saltar para o conteúdo

Página:A Relíquia.djvu/441

Wikisource, a biblioteca livre

me pelos manteletes e pelas toucas: «Baratinhos, minha senhora, baratinhos... Excellentes para catarrhos!...»

Já devia uma carregada conta na Pomba d’Ouro; descia as escadas sorrateiramente, para não encontrar o patrão; chamava com sabujice ao gallego — «meu André, meu catitinha...»

E punha toda a minha esperança n’um renovamento da Fé! A menor noticia de festa de egreja me regosijava como um acrescimo de devoção no povo. Odiava ferozmente os republicanos e os philosophos que abalam o Catholicismo — e portanto diminuem o valor das reliquias que elle instituiu. Escrevi artigos para a Nação, em que bradava: «Se vos não apegaes aos ossos dos Martyres, como quereis que prospere este paiz?» No café do Montanha dava murros sobre as mesas: «É necessario Religião, caramba! Sem Religião nem o bifezinho sabe!» Em casa da Benta Bexigosa ameaçava as raparigas, se ellas não usassem os seus bentinhos e os seus escapularios, de não voltar alli, de ir a casa da D. Adelaide!... A minha inquietação pelo «pão de cada dia» foi mesmo tão aspera que de novo solicitei a intervenção do Lino — homem de vastas relações ecclesiasticas, parente de capellães de convento.