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Página:A Relíquia.djvu/444

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Ouro me trouxe uma carta que lá fôra deixada na vespera, com a marca «urgente». O papel tinha tarja preta: o sinete era de lacre negro. Abri, tremendo. E vi a assignatura do Justino.

«Meu querido amigo. É meu penoso dever, que cumpro com lagrimas, participar-lhe que sua respeitavel tia e minha senhora inesperadamente succumbiu...»

Caramba! A velha rebentára!

Anciosamente saltei através das linhas tropeçando sobre os detalhes — «congestão dos pulmões... Sacramentos recebidos... Todos a chorar... O nosso Negrão!...» E empallidecendo, n’um suor que me alagava, avistei, ao fim da lauda, a nova medonha: — «do testamento da virtuosa senhora, consta que deixa a seu sobrinho Theodorico o oculo que se acha pendurado na sala de jantar...»

Desherdado!

Agarrei o chapéo, corri aos encontrões pelas ruas até ao cartorio do Justino, a S. Paulo. Achei-o á banca, com uma gravata de lucto e a penna atraz da orelha, comendo fatias de vitella sobre um velho Diario de Noticias.

— Com que, o oculo...? — balbuciei, esfalfado, arrimado á esquina d’uma estante.