como um fio subtil e forte que veio, do seu coração, enrodilhar-se no meu.
— Porque é que o cavalheiro não põe o guarda-chuva alli a um canto? disse-me ella, rindo.
O brilho picante dos seus dentinhos miudos fez desabrochar dentro em mim uma flôr de madrigal.
— É para não me tirar d’aqui d’ao pé da menina nem um instantinho que seja.
Ella fez-me uma cocega lenta no pescoço. Eu, aboborado de gôzo, bebi o resto do Madeira que ella deixára no calice.
A Ernestina, poetica, e cantando o fado, aninhou-se nos joelhos do Rinchão. Então a Adelia, revirando-se languidamente, puxou-me a face — e os meus labios encontraram os seus no beijo mais sério, mais sentido, mais profundo que até ahi abalára o meu sêr.
N’esse dôce instante, um relogio medonho, com o mostrador fingindo uma face de lua, e que parecia espreitar-me de sobre o marmore d’uma mesa do mogno, d’entre dois vasos sem flôres, começou a dar dez, horas, fanhoso, ironico, pachorrento.
Jesus! era a hora do chá em casa da titi! Com que terror eu trepei, esbaforido, sem mesmo abrir o guarda-chuva, as viellas