e a entristecem; as inscripções, os papeis de credito que a piedade humana constantemente averba em seu nome; as pás d’ouro que os Estados, reverentes, lhe depositam aos pés trespassados de pregos; as alfaias, os calices, e os botões de punho de diamantes que elle usa na camisa, na sua igreja da Graça? E ainda voltava, do alto do madeiro, os olhos vorazes para um bule de prata, e uns insipidos predios da Baixa! Pois bem! disputaremos esses mesquinhos, fugitivos haveres — tu, ó filho do Carpinteiro, mostrando á titi a chaga que por ella recebeste, uma tarde, n’uma cidade barbara da Asia, e eu adorando essa chaga, com tanto ruido e tanto fausto, que a titi não possa saber onde está o merito, se em ti que morreste por nos amar de mais, se em mim que quero morrer por não te saber amar bastante!... Assim pensava, olhando de través o céo, no silencio da rua de S. Lazaro.
Quando cheguei a casa, senti que a titi estava no oratorio, sósinha, a rezar. Enfiei para o meu quarto, surrateiramente; descalcei-me; despi a casaca; esguedelhei o cabello; atirei-me de joelhos para o soalho — e fui assim, de rastos, pelo corredor, gemendo, carpindo, esmurrando o peito, clamando desoladamente por Jesus, meu Senhor...