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REVISTA TRIMENSAL

Neste posto seo maior empenho consistio sempre em beneficiar por todos os modos o municipio, maxime a capital, cujo aformoseamento, pode-de dizer sem medo de errar, é quasi todo obra sua.

Tambem só elle, com o grande prestigio e força de vontade de que dispunha, podia vencer todas as difficuldades que se lhe antepunham, consistentes a de ordinario no proprio interesse contrariado dos amigos.

Facillimo a um chefe político é armar á popularidade, preterindo o bem publico pelo privado; difficilimo, porem, fazer justiça contra os affectos do coração, e não levantar rebeldia nen1 clamores!

Donde lhe vinha esse segredo?

E’ porque naturezas ha, diz José de Alencar, que tem a força de imprimirem o seo cunho n’aquelles que as cercam; outras se apoderam da indole alheia insinuando-se nella pelo affecto, impregnando-se de sua essencia[1].

Mas não tardemos em rememorar esses serviços.

Na sessão de 25 de Abril Ferreira já pedia ao Presidente da Província que mandasse ao Architecto levantar nova planta da cidade, tendo em vista a existente, mas com augmento de ruas e modificações de outras, afim de serem convertidas em praças, que não tinhamos ou tinhamos defeituosissimas.

De posse dessa nova planta, deo começo com energia e dedicação inexcediveis á obra bemdita e reparadora da execução.

Na sessão de 19 de Junho já levava ao conhecimento d’assembléa provincial a noticia da demolição quasi total da rua do Cotovelo[2], encravada na antiga Praça Municipal, hoje do Ferreira, paralella ao lado do nascente.


  1. O Til., Vol. 1º, Pag 77.
  2. Essa rua, que formava uma especie de cotovello, donde lhe veio o nome, era formada de casas do Coronel Machado, negociante Martinho Borges, D. Anna Senhorinha e Antonio Lopes Benevides. Vide Actas das Sessões de 24 de Abril, 2 e 19 de Junho e 11 de Julho de 1843.