Simplícia levantava os ombros. Que lhe importava? Que fosse!
Como se aproximasse o dia de Nossa Senhora da Glória, ela afirmava que iria à festa de braço com seu Augusto, como-se fossem marido e mulher...
Os outros riam-se, vendo a indiferença e um certo ar de nojo do copeiro pela pequena.
Na véspera do dia da Glória a Simplícia foi direto à viúva pedir-lhe licença para a saída. Ernestina negou-lha; mandara retirar da sala, precipitadamente, o retrato do comendador. Simplícia sorria sem ressentimento, vendo o Augusto e o João descerem a tela da parede. Aproveitava uma ocasião em que Sara conversava com Georgina, no jardim vizinho. Mal o hortelão saíra de casa com o quadro, já a Simplícia rondava o portão, à espera de Sara. Quando a moça entrou, a mulata disse-lhe:
- Nhá Sara, a senhora sabe para onde é que Iaiá mandou o retrato de Sinhô?
- Hein?!
- Seu João levou ele... Coitado de quem morre!
Aquela piedade da negrinha pelo morto fez estremecer a moça com um movimento de amargurada indignação. Subiu correndo até a casa e abriu com estrondo a porta da sala.
Ernestina voltou-se, inquieta. A filha olhara atônita e demoradamente para a parede vazia,