Página:A Viuva Simões.djvu/130

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- Está arrependido do convite que nos fez, ou gracejava quando nos relatou objetos artísticos e mais trapalhadas adquiridas na Europa?

- Não menti. O que desde já lhes digo é que a minha coleção é pobre; mas façam uma coisa: vão lá amanhã; por exemplo.

- Está dito! Valeu, mamãe?

Ernestina consentiu. Nessa noite ela foi dormir contentíssima: pareciam feitas as pazes entre Sara e Luciano Dias.

No dia seguinte, às 2 horas, desceram de Santa Tereza. A tarde estava quente, de um azul carregado.

A casa de Luciano Dias ficava perto, na rua do Riachuelo; era de uma aparência simples: fachada sem estilo, de um tom cinzento, com frisos dourados nas três janelas de peitoril. Entraram; dentro, uma pequena escada de mármore conduzia à saleta de onde Luciano desceu a recebê-las. Ernestina estava comovida, Sara curiosa, Momentos depois, conversavam no pequenino salão de Luciano, com ele afrancesadamente chamava à sua boa sala.

Nas paredes de verde-escuro, encaixilhadas em madeiras. finas, destacava-se uma multidão de objetos e pequenas telas: medalhões históricos, baixos relevo, adagas e punhais, recordações de touriste, insignificantes para os indiferentes; aqui um punho da mais rara merletti veneziana, ali um mosaico de Roma, um