Página:A Viuva Simões.djvu/162

Wikisource, a biblioteca livre

- Seja o que for; não gosto dele.

- Minha filha! repara que ele faria a tua felicidade...

- Não. Enfim mamãe eu só lhe peço uma coisa...

Ernestina ouvia-a, suspensa.

- Se ele vier pedir a minha mão, não me consulte; diga-lhe logo que eu amo outro.

- Amas outro?!

- Sim.

- Quem é esse outro? perguntou Ernestina com medo, com uma voz abafada, segurando-se ao braço da filha.

- Luciano.

- É mentira! exclamou Ernestina já de pé e com raiva, é mentira!

Sara olhava-a com pasmo; a viúva deteve-se um minuto, depois puxou-a para si, beijou-lhe a tranças, as faces, os olhos e murmurou quase numa súplica:

- Ah... dize-me que é mentira!

Sara não respondeu: olhava-a sempre com o mesmo olhar espantado e mudo.

A mãe levou-a até o sofá, fê-la sentar-se, sentou-se ela também e segurando-lhe nas mãos deixou-se resvalar até ficar quase de joelhos aos pés da filha. E foi assim, com os olhos empanados de lágrimas que ela disse:

- Eu também o amo, Sara, eu também o adoro!