grossos que lhe caíam nos olhos abertos, no queixo, ora um... ora outro... ora dois a um tempo.
Queria ir ver a filha, beijá-la, suplicar-lhe que vivesse, que vivesse, que vivesse! Mas eram inúteis os seus tremendos esforços para levantar-se, subir os degraus e ir ao quarto de Sara.
Sentia-se presa à terra; já não era uma mulher, mas como que uma planta, nascida para o sofrimento e por isso mesmo valentemente enraizada no chão.
Quando Luciano entrou no quarto de Sara viu o padre Anselmo de pé junto do leito, com uma das mãos estendida sobre a cabeça da moça numa atitude de benção.
A fronte do velho erguida, os olhos úmidos e levantados, os lábios movendo-se numa oração compenetrada, baixa e fervorosa, tinham uma doçura solene em que a piedade humana se misturava com a austeridade religiosa. O homem nele sofria uma revolta contra a natureza, por que morrer uma mulher tão jovem; o padre porém congratulava-se com o céu, que ia receber no seu seio límpido uma virgem pura!
Luciano ficou preso àquele leito, numa mudez gelada, olhos fixos em Sara, por quem sentia agora recrudescer o seu amor. Amava-a sim, com intensidade! As lágrimas rebentavam-lhe dos olhos celeremente. A Benedita soluçava alto,