Página:A Viuva Simões.djvu/196

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o ar, e abriu de mansinho a porta do quarto de Sara, com um medo terrível de o ir encontrar vazio... mas não; Sara dormia numa atitude serena, e, a seus pés, de costas para a porta, estava Luciano.

Ernestina voltou para o seu quarto, sem desgosto, sem alegria, impassível como se tudo aquilo fosse esperado!

Sentou-se na cama com os pés nus sobre o tapete, as mãos caídas nos joelhos, e assim ficou algum tempo, com os olhos fixos no reposteiro da porta, sem pestanejar, imóvel, abstrata. A pouco e pouco a respiração foi-se tornando mais difícil e o corpo, vencido, caiu pesadamente sobre os travesseiros. Recrudesceram-lhe as dores e a febre. Pelas faces, muito vermelhas, rolavam lágrimas grossas e ardentes, e ela mal podia respirar, sentindo uma pontada violenta no peito.

Luciano entrava a medo no quarto da viúva, esperando sempre uma recriminação, temendo também exacerbar-lhe o mal. A sua consciência não o deixava à vontade entre aquelas duas mulheres enfermas. Entretanto não se afastava dali. Daquela casa.

Sara não o tinha percebido ainda; a viúva não falava a ninguém. Como o médico exigisse enfermeiras, ele julgou dever avisar a mulher do Nunes e a ama Josefa.

Georgina passava também agora os dias e as noites