Página:A Viuva Simões.djvu/200

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Sonhou que o seu adorado S. Sebastião, furioso por ver apagada a lamparina com que ela, cuidadosa, religiosamente, o alumiava no seu oratório dia e noite, entrara a desfechar-lhe nos olhos todas as setas do seu bendito corpo.

- Perdão! gemia a pobre; mas o santo não lhe perdoava.

Quando Josefa acordou sentiu dor nos olhos... aquilo tornou-a apreensiva. Foi ao espelho; os olhos estavam vermelhos!

- Uê! Gente! Isto é aviso do Céu! Eu vou logo a S. Cristóvão!

Ao meio-dia vestiu o seu vestido de merino preto, pôs o seu velho toucado de vidrilhos e flores roxas e dispôs-se a sair.

Estava toda a casa silenciosa. A viúva dormia e a mãe de Georgina fazia-lhe quarto. Josefa atravessou a sala de jantar em bicos de pés e entrou no corredor. Ao fundo, a porta do jardim atraia-a, muito aberta, como um quadro de luz; e ela seguia com passos miúdos, segurando na mão a bolsinha de couro que não deixava nunca, quando de repente um grito agudo feriu o ar e o silêncio da casa. Josefa estacou.

Deus do céu! Que teria sido!? Houve uma pausa; correram minutos... outro grito igual e estrídulo partiu do quarto de Sara. Josefa voltou depressa para o quarto da moça.

- Que foi?!

Georgina levantou para ela os olhos chorosos,