- Ernestina!
Era o nome dela. A viúva Simões levantou-se muito vermelha, atravessou a sala até a um gueridon que ficava em frente, mudou ali a posição de uma camponesa de biscuit, sem perceber mesmo porque fazia aquilo, e voltando a sentir-se perto de Luciano, disse, olhando para os zig-zags da alcatifa:
- Estou velha!
- Formosa velhice.!
- Trinta e seis anos...
- E eu trinta e nove...
- Os homens são sempre moços...
Luciano não respondeu; contemplava agora, com muita atenção o retrato a óleo do finado comendador Simões.
Ernestina, um tanto embaraçada, perguntou:
- Conheceu meu marido?
- Conheci... quando fui para a Europa ele tinha-se associado a um amigo de meu pai, o Nunes. Vi-o no armazém, exatamente no dia da partida.
- Era muito bom homem.. murmurou Ernestina quase a medo.
- Sim? talvez por instinto, eu antipatizava com ele... perdoe-me que lhe confesse estas coisas...
Ela sorriu-se, ele continuou:
- Tive uma grande surpresa em Paris quando soube do seu casamento. Eu tencionava voltar cedo e julgava vir encontrá-la ainda solteira...