todo esse tempo, em que poderia ter vivido ao lado de Luciano, na Europa, freqüentando palácios de príncipes e fazendo ressaltar, com os atavios parisienses, os seus encantos de brasileira gentil.
- Afirmaram-me que o senhor ia para sempre... murmurou ela por fim.
- Calúnias... aposto que foi o Simões quem lhe disse isso?
- Talvez...
- Mas como foi que ele conseguiu fazer-se amar! era um urso, lembra-me bem, era um urso!
Desta vez foi Ernestina que murmurou como um queixume:
- Sr. Luciano!
- Isto não é falar mal, mas sempre gostaria de saber... como foi?
- O casamento foi feito... meu pai queria... eu cedi.
Ernestina não teve coragem de levantar os olhos; receou ver erguer-se da sua cadeira de veludo escarlate, na grande tela em frente, o marido terrível e ameaçador.
Enquanto Luciano lhe dizia quanto tinha sofrido com esse casamento e a espécie de alívio que sentira ao sabê-la viúva, enquanto ele, cheio de sedução, se apoderava da sua mão esguia e branca e lhe dizia que viera da Europa por ela, só por ela; Ernestina, trêmula, envergonhava-