- Diga-me uma coisa, com toda a franqueza e lealdade: porque saiu do Rio sem me mandar ao menos um bilhete, uma palavra qualquer de despedida?
- Mas eu já lhe disse.
- Não, interrompeu Ernestina, a razão apresentada não é aceitável. Por em prova o meu afeto! Isso não é coisa que ocorra a um namorado de vinte anos.
- Incompletos... acrescentou Luciano com um sorriso.
- Demais a mais!
- Realmente éramos muito crianças...
- Não fuja a minha pergunta, lembraremos isso depois...
- Que maldade! Por que não há de acreditar no que eu disse? Quis por à prova o seu amor; além disso, meu pai, note que meu pai é que era secretário da legação e não eu, impôs-me essa viagem; negócios de família complicados e que nem mesmo a gente depois de passado o tempo, sabe explicar! Eu era o secretário de meu pai... foi isso naturalmente o que fez com que lhe dissessem que eu tinha ido como adido. Inda a pouco não esclareci esse ponto para não interrompê-la...
- Bem! vejo que o senhor é teimoso e não quer dizer o motivo de um rompimento tão inesperado... Seja. E mesmo, agora, que nos importa isso?