Página:A Viuva Simões.djvu/58

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do luto. Eram então baldados os convites da Georgina Tavares, que morava ao lado e que não faltava com os pais a instâncias e oferecimentos. Nada! Sara tinha muitas vezes desejo de ir a uma ou outra soirée, mas respondia gaguejando que não, à espera que a mãe consentisse.

Ernestina conservava-se muda e Georgina retirava-se desapontada e triste. No dia seguinte esta corria logo cedo a vazar nos ouvidos da amiga as suas impressões do baile ou do teatro, e era então um chilrear de risadinhas sufocadas e de exclamações por coisas apenas entrevistas por uma nas descrições muito falhadas e entrecortadas da outra.

Sara perguntava pelas toilettes mais lindas do baile e Georgina explicava-as com uma minúcia surpreendente. Assim o enredo dos dramas. Que de lágrimas rebentavam dos olhos de ambas e que desfolhar de risos tinham os seus lábios de meninas, quando Georgina transladava para aquele sereno canto do jardim os gritos de agonia ou as frases jocosas que ouvira no palco!

E era só:

- Meu Deus! Você não imagina! Que coisa bonita!

- Conte o resto! suplicava Sara com olhar ávido e ouvidos bem abertos.

E as cenas atropelavam-se.