Ora veja se nhanhã ia-se cansá de ensinar franceis à negrinha! Seu João! Ela só sabe dizê aquilo!...
- Sei mais coisas!...
- Então converse com seu Augusto, prá gente vê...
O copeiro levou os talheres para a sala do jantar, sem querer dar confiança à pequena.
- Toma! gritou-lhe a Benedita; e estalou a língua depois de ter provado o feijão.
Simplícia acrescentou, espalmando no ar a mão curta e magra: - Deixe está, que ele me paga; inda há de gostá mais di mim do que eu gosto dele. Depois tirou do peito um lencinho da ama, muito perfumado, e começou a dançar, cantando alto: xó-xó-xó-araúna, para que o copeiro a ouvisse, sacudindo o lenço sobre a cabeça, hirsuta e cheia de terra, do hortelão.
- Sapeca! murmurou a Benedita com desprezo.
A dança continuou requebrada e lenta, até que ouviram a voz de Ernestina zangada por não encontrar ainda a mesa posta.
Calaram-se todos; caiu a casa no costumado e respeitoso silêncio.
A viúva voltara enfadada e nervosa; saíra à procura de Luciano e não o tinha encontrado. Onde estaria? Por que o amava assim?! Como podia um amor há tanto tempo extinto renascer com tamanha veemência ? Arrependia-se