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A cidade e as serras
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E do fundo do coupé, ao rodar, ainda bradou:

— O peixe, Jacintho, desencalha o peixe! Excellente, ao almoço, frio, com môlho verde!

Trepando cançadamente os degraus, n’uma molleza de Champagne e somno em que os olhos se me cerravam, murmurei para o meu Principe:

— Foi divertido, Jacintho! Sumptuosa mulher, a Verghane! Grande pena, o elevador...

E Jacintho, n’um som cavo que era bocejo e rugido:

— Uma massada! E tudo falha!


Tres dias depois d’esta festa no 202 recebeu o meu Principe inesperadamente, de Portugal, uma nova consideravel. Sobre a sua quinta e solar de Tormes, por toda a serra, passára uma tormenta devastadora de vento, corisco e agua. Com as grossas chuvas, «ou por outras causas que os peritos dirão» (como exclamava na sua carta angustiada o procurador Silverio), um pedaço de monte, que se avançava em socalco sobre o valle da Carriça, desabára, arrastando a velha egreja, uma egrejinha rustica do seculo XVI, onde jaziam sepultados os avós de Jacintho desde os tempos de el-rei D. Manoel. Os ossos veneraveis