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A cidade e as serras

pelas voltas apertadas d’uma corda que se não via e que o travava.


Muito desagradavelmente me recordo do dia dos seus annos, a 10 de Janeiro. Cêdo, de manhã, recebèra, com uma carta de Madame de Trèves, um açafate de camelias, azaleas, orchideas e lyrios do valle. E foi este mimo que lhe recordou a data consideravel. Soprou sobre as petalas o fumo do cigarro e murmurou com um riso de lento escarneo:

— Então, ha trinta e quatro annos que eu ando n’esta massada?

E como eu propunha que telephonassemos aos amigos para beberem no 202 o Champagne do «Natalicio» — elle recusou, com o nariz enojado. Oh! Não! Que horrivel sécca!... E bradou mesmo para o Grillo:

— Eu hoje não estou em Paris para ninguem. Abalei para o campo, abalei para Marselha... Morri!

E a sua ironia não cessou até ao almoço perante os bilhetes, os telegrammas, as cartas, que subiam, se arredondavam em collina sobre a meza d’ebano, como um preito da Cidade. Outras flôres que vieram, em vistosos cestos, com vistosos laços, foram por elle comparadas ás que se depõe sobre uma tumba.