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A cidade e as serras

pateo, já enfeitado para esse effeito de lanternas chinezas. Mas logo ás dez horas me desesperei, ao receber, por um moço da Flôr da Malva, uma carta da prima Joanninha, em que dizia «a pena de não poder vir porque o Papá estava desde a vespera com um leicenço, e ella não o queria abandonar.» Corri indignado á cosinha, onde a tia Vicencia presidia a um violento bater de gemas d’ovos dentro d’uma immensa terrina.

— A Joanninha não vem! Sempre assim! Diz que o pae tem um leicenço... Aquelle tio Adrião escolhe sempre os grandes dias para ter leicenços, ou para ter a pontada...

A boa face redondinha e corada da tia Vicencia enterneceu-se.

— Coitado! será em sitio que não se pudesse sentar na carruagem! Coitado! Olha, se lhe escreveres, dize-lhe que ponha um emplastrosinho de folhas d’alecrim. É com que teu tio se dava bem.

Eu gritei simplesmente para o moço, que dava de beber ao burro no pateo:

— Dize á Snr.a D. Joanninha que sentimos muito... Que talvez eu lá appareça ámanhã.

E voltei á janella, impaciente, por que o relogio do corredor, muito atrazado, já cantára a meia hora depois das dez e o Principe tardava