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III


No 202, todas as manhãs, ás nove horas, depois do meu chocolate e ainda em chinelas, penetrava no quarto de Jacintho. Encontrava o meu amigo banhado, barbeado, friccionado, envolto n’um roupão branco de pello de cabra do Thibet, diante da sua mesa de toilette, toda de crystal, (por causa dos microbios) e atulhada com esses utensilios de tartaruga, marfim, prata, aço e madreperola que o homem do seculo XIX necessita para não desfeiar o conjuncto sumptuario da Civilisação e manter n’ella o seu Typo. As escovas sobretudo renovavam, cada dia, o meu regalo e o meu espanto — porque as havia largas como a roda massiça d’um carro sabino; estreitas e mais recurvas que o alfange d’um mouro; concavas, em fórma de telha aldeã; ponteagudas em feitio de folha de hera; rijas que nem cerdas de javali; macias que nem pennugem