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A cidade e as serras

se passára com muito brilho, n’um tom muito Parisiense. E a deliciosa creatura não se podia demorar, porque fizera marcar um logar na egreja da Magdalena para o sermão!

Jacintho exclamou com innocencia:

— Sermão?... É já a estação dos sermões?

Madame d’Oriol teve um movimento de carinhoso escandalo e dôr. O quê! pois nem na austera casa dos Trèves dera pela entrada da quaresma? De resto não se admirava — Jacintho era um turco! E, immediatamente celebrou o prégador, um frade dominicano, o Père Granon! Oh d’uma eloquencia! d’uma violencia! No derradeiro sermão prégara sobre o amor, a fragilidade dos amores mundanos! E tivera coisas d’uma inspiração, d’uma brutalidade! Depois que gesto, um gesto terrivel que esmagava, em que se lhe arregaçava toda a manga, mostrando o braço nú, um braço soberbo, muito branco, muito forte!

O seu sorriso permanecia claro sob o olhar que negrejára dentro do véo negro. E Jacintho, rindo:

— Um bom braço de director espiritual, hein? Para vergar, espancar almas...

Ella acudiu:

— Não! infelizmente o Père Granon não confessa!

E de repente reconsiderou — aceitava um