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Página:A cidade e as serras (1912).djvu/179

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A CIDADE E AS SERRAS

por grossas rochas encabeladas de verdura, entestando com os socalcos da serra onde lourejava o centeio. O meu Príncipe bebeu da água nevada e luzidia da fonte, regaladamente, com os beiços na bica; apeteceu a alface rechonchuda e crespa; e atirou pulos aos ramos altos duma copada cerejeira, toda carregada de cereja. Depois, costeando o velho lagar, a que um bando de pombas branqueava o telhado, deslizámos até ao carreiro, cortado no costado do monte. E andando, pensativamente, o meu Príncipe pasmava para os milheirais, para os vetustos carvalhos plantados por vetustos Jacintos, para os casebres espalhados sobre os cabeços à orla negra dos pinheirais.

De novo penetrámos na avenida de faias e transpusemos o portão senhorial entre o latir dos cães, mais mansos, farejando um dono. Jacinto reconheceu «certa nobreza» na frontaria do seu lar. Mas sobretudo lhe agradava a longa alameda, assim direita e larga, como traçada para nela se desenrolar uma cavalgada de Senhores com plumas e pajens. Depois, de cima da varanda, reparando na telha nova da capela, louvou o Silvério, «esse ralaço», por cuidar ao menos da morada do Bom-Deus.

— E esta varanda também é agradável — murmurou ele mergulhando a face no aroma dos cravos. — Precisa grandes poltronas, grandes divãs de verga...

Dentro, na «nossa sala», ambos nos sentámos nos poiais da janela, contemplando o doce sossego crepuscular que lentamente se estabelecia sobre vale e monte. No alto tremeluzia uma estrelinha, a Vénus diamantina, lânguida anunciadora da

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