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A CIDADE E AS SERRAS

o cubra de bênçãos! Que Deus o cubra de bênçãos!»

Aos domingos, o padre José Maria, (bom amigo meu e grande caçador) vinha de Sandofim, na sua égua ruça, a Tormes, para celebrar a missa na Capelinha. Jacinto assistia ao ofício na sua tribuna, como os Jacintos de outras eras, para que aqueles simples o não supusessem estranho a Deus. Quase sempre então ele recebia presentes, que as filhas dos caseiros, ou os pequenos, vinham muito corados, trazer-lhe à varanda, e eram vasos de manjericão, ou um grosso ramalhete de cravos, e por vezes um gordo pato. Havia então uma distribuição de cavacas e merengues de Guiães, às raparigas e às crianças, — e, no pátio, para os homens circulavam as infusas de vinho branco. O Silvério já sustentava com espanto, e redobrado respeito, que o Sr. D. Jacinto em breve disporia de mais votos nas eleições que o Dr. Alípio. E eu próprio me impressionei, quando o Melchior me contou que o João Torrado, um velho singular daqueles sítios, de grandes barbas brancas, ervanário, vagamente alveitar, um pouco adivinho, morador misterioso duma cova no alto da serra, a todos afirmava que aquele bom senhor era El-Rei D. Sebastião, que voltara!

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