Saltar para o conteúdo

Página:A cidade e as serras (1912).djvu/275

Wikisource, a biblioteca livre
A CIDADE E AS SERRAS

E o Dr. Alípio, puxando o relógio, propôs que, levantada aquela remissa, se preparasse a marcha. Justamente o Albergaria recolhia da varanda desafrontado, aliviado com um cálice de genebra: e retomou as suas cartas, anunciando também que vinha aí uma trovoada valente.

Voltando à sala, encontrei Jacinto muito alegre entre as senhoras, que se familiarizaram, escutando cheias de riso e gosto, a história da sua chegada a Tormes, sem malas, sem criados, tão desprovido que dormira com a camisa da caseira! Mas a minha pobre noite de anos findava, desorganizada. A tia Albergaria rondava de janela em janela, assustada com a volta à Roqueirinha, espreitando a treva abafada. Calçando lentamente as luvas, a bela mulher do Dr. Alípio perguntava se ainda havia a remissa. E a tia Vicência apressara o chá, que o Manuel, seguido pela Gertrudes, com a bandeja de bolos, já começava a servir às senhoras. Jacinto, de pé, oferecendo chávenas, gracejava:

— Então tanta pressa, tanto medo, por causa duma trovoadinha?

Elas replicavam, familiarizadas, numa crescente simpatia pelo meu Príncipe:

— Ora o senhor fala bem, porque fica debaixo de telhas...

— Sempre o queríamos ver... se fosse agora para Tormes, com esta noite cerrada!

O voltarete findara nas duas mesas: e aqueles cavalheiros, das janelas, gritavam ordens para o pátio negro, onde as carruagens esperavam atreladas:

— Desce a cabeça da vitória, ó Diogo!

267