galo, por entre magras mãos, que se estendiam levantadas para estrangular as ideias. Ao meu lado ura velho, encolhido na alta gola dum macfarlane de xadrezes, contemplava o tumulto com melancolia, pingando endefluxado. Perguntei ao velho:
— Que querem eles? É embirração com o professor... é política?
O velho abanou a cabeça, espirrando:
— Não... É sempre assim, agora, em todos os cursos... Não querem ideias... Creio que queriam cançonetas. É o amor da porcaria e da troça.
Então, indignado, berrei:
— Silêncio, brutos!
E eis que um abortozinho de rapaz, amarelado e sebento, de longas melenas, umas enormes lunetas rebrilhantes, se arrebita, me fita, e me berra:
— Sale Maure!
Ergui o meu grosso punho serrano, — e o desgraçado, numa confusão de melenas, com sangue por toda a face, aluiu, como um montão de trapos moles, ganindo desesperadamente, enquanto o furacão de uivos e cacarejos, guinchos e silvos, envolvia o Professor, que cruzara os braços, esperando, com uma serenidade simples.
Desde esse momento decidi abandonar a fastidiosa Cidade; e o único dia alegre e divertido que nela passei foi o derradeiro, comprando para os meus queridinhos de Tormes brinquedos consideráveis, tremendamente complicados pela Civilização, — vapores de aço e cobre, providos de caldeiras para viajar em tanques; leões de pele