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Página:A cidade e as serras (1912).djvu/83

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A CIDADE E AS SERRAS

à sua estranha mágoa. Não possuirmos um general com a sua espada, e um bispo com seu báculo!...

— Para quê, meu caro senhor?

Ele atirou um gesto suave em que todos os seus anéis faiscaram:

— Para uma bomba de dinamite... Temos aqui um esplêndido ramalhete de flores de Civilização, com um Grão-Duque no meio. Imagine uma bomba de dinamite, atirada da porta!... Que belo fim de ceia, num fim de século!

E como eu o considerava assombrado, ele, bebendo golos de Chateau-Yquem, declarou que hoje a única emoção, verdadeiramente fina, seria aniquilar a Civilização. Nem a ciência, nem as artes, nem o dinheiro, nem o amor, podiam já dar um gosto intenso e real às nossas almas saciadas. Todo o prazer que se extraíra de criar, estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de destruir!

Desenrolou ainda outras enormidades, com um riso claro nos olhos claros. Mas eu não atendia o gentil pedante, colhido por outro cuidado — reparando que em torno, subitamente, todo o serviço estacara como no conto do Palácio Petrificado. E o prato agora devido era o peixe famoso da Dalmácia, o peixe de S. Alteza, o peixe inspirador da festa! Jacinto, nervoso, esmagava entre os dedos uma flor. E todos os escudeiros sumidos!

Felizmente o Grão-Duque contava a história duma caçada, nas coutadas de Sarvan, em que uma senhora, mulher de um banqueiro, saltara bruscamente do cavalo, num descampado, sem

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