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A CIDADE E AS SERRAS

inchado e suado. — Mais!... Agora! Agora! É na guelra! Só na guelra é que o gancho o pode prender. Agora... Qual! Que diabo! Não vai!

Tirou a face do poço, resfolegando e afrontado. Não era possível! Só carpinteiros, com alavancas!... E todos, ansiosamente, bradámos que se abandonasse o peixe!

O Príncipe, risonho, sacudindo as mãos, concordava que por fim «fora mais divertido pescá-lo do que comê-lo!» E o elegante bando refluiu sofregamente para a mesa, ao som duma valsa de Strauss, que os Tziganes arremessaram em arcadas de lânguido ardor. Só Madame de Trèves se demorou ainda, retendo o meu pobre Jacinto, para lhe assegurar quanto admirava o arranjo da sua copa... Oh perfeita! Que compreensão da vida, que fina inteligência do conforto!

S. Alteza, encalmado pelo esforço, esvaziou poderosamente dois copos de Chateau-Lagrange. Todos o aclamavam como um pescador genial. E os escudeiros serviram o Barão de Pauillac, cordeiro das lezírias marinhas, que, preparado com ritos quase sagrados, toma este grande nome sonoro e entra no Nobiliário de França.

Eu comi com o apetite dum herói de Homero. Sobre o meu copo e o de Dornan o Champanhe cintilou e jorrou ininterrompidamente como uma fonte de Inverno. Quando se serviram ortolans gelados, que se derretiam na boca, o divino poeta murmurou, para meu regalo, o seu soneto sublime a «Santa Clara». E como, do outro lado, o moço de penugem loura insistia pela destruição do velho mundo, também concordei, e, sorvendo Champanhe coalhado em sorvete, maldissemos o Século,

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