VII
O erudito moralista que assina Alceste na Gazette de Paris, dedicou a Fradique Mendes uma Crônica em que resume assim o seu espírito e a sua ação:—«Pensador verdadeiramente pessoal e forte, Fradique Mendes não deixa uma obra. Por indiferença, por indolência, este homem foi o dissipador duma enorme riqueza intelectual. Do bloco de ouro em que poderia ter talhado um monumento imperecível—tirou ele durante anos curtas lascas, migalhas, que espalhou às mãos cheias, conversando, pelos salões e pelos clubes de Paris. Todo esse pó de ouro se perdeu no pó comum. E sobre a sepultura de Fradique, como sobre a do grego desconhecido de que canta a Antologia, se poderia escrever:—«Aqui jaz o ruído do vento que passou derramando perfume, calor e sementes em vão...»
Toda esta crônica vem lançada com a usual superficialidade e inconsideração dos Franceses. Nada menos refletido que as designações de indolência, indiferença, que voltam repetidamente, nessa página bem ornada e sonora, como para marcar com precisão a natureza de Fradique. Ele foi, ao contrário, um