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Página:A correspondencia de Fradique Mendes (1902).djvu/168

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FRADIQUE.


VI


A RAMALHO ORTIGÃO


Paris, Abril.


Querido Ramalho.—No sábado à tarde, na Rue Cambon, avisto dentro dum fiacre o nosso Eduardo, que se arremessa pela portinhola para me gritar: «Ramalho, esta noite! de passagem para a Holanda! às dez! no café da Paz!»

Fico docemente alvoroçado; e às nove e meia, apesar da minha justa repugnância pela esquina do café da Paz, Centro catita do Snobismo internacional, lá me instalo, com um bock, esperando a cada instante que surja, por entre a turba baça e mole do boulevard, o esplendor da Ramalhal figura. Às dez salta dum fiacre com ansiedade o vivaz Carmonde, que abandonara à pressa uma sobremesa alegre pour voir ce grand Ortigan! Começa uma espera a dois, com bock a dois. Nada de Ramalho, nem do seu viço. Às onze aparece Eduardo, esbaforido. E Ramalho? Inédito ainda! Espera a três, impaciência a três, bock a três. E assim até que o bronze nos soou o fim do dia.

Em compensação um caso, e profundo. Carmonde, Eduardo e eu sorvíamos as derradeiras fezes