já amarelada. Eram as LAPIDÁRIAS. Lera a primeira, a Serenata de Satã aos Astros. E, maravilhado, pedira a Fradique para publicar na Revolução algumas dessas estrofes divinas. O primo sorrira, consentira — com a rígida condição de serem firmadas por um pseudônimo. Qual?... Fradique abandonava a escolha à fantasia de Vidigal. Na redação, porém, ao rever as provas, só lhe acudiram pseudônimos decrépitos e safados, o Independente, o Amigo da Verdade, o Observador — nenhum bastante novo para dignamente firmar poesia tão nova. Disse consigo: — «Acabou-se! Sublimidade não é vergonha. Ponho-lhe o nome!» Mas quando Fradique viu a Revolução de Setembro, ficou lívido e chamou, regeladamente, a Vidigal, «indiscreto, burguês e filisteu»! — E aqui Vidigal parou para me pedir a significação de filisteu. Eu não sabia; mas arquivei gulosamente o termo, como amargo. Recordo até que logo nessa tarde, no Martinho, tratei de filisteu o autor considerável do Ave César! — De modo que — rematou Vidigal — é melhor não lhe falares nas LAPIDÁRIAS!
Sim! pensava eu. Talvez Fradique, à maneira do chanceler Bacon de outros homens grandes pela ação, deseje esconder deste mundo de materialidade e de força o seu fino gênio poético! Ou talvez essa ira, ao ver o seu nome impresso debaixo de versos com que se orgulharia Leconte de Lisle, seja a do artista nobremente e perpetuamente insatisfeito, que não aceita