me explicava como um livro de estampas com quanta profundidade e miudeza conhecia o Oriente este patrício admirável! De todas aquelas gentes, intensamente diversas desde a cor até ao traje—ele sabia a raça, a história, os costumes o lugar próprio na civilização muçulmana. Devagar, abotoado num paletó de flanela, com um chicote de nervo (que é no Egito o emblema de Autoridade) entalado debaixo do braço, ia apontando, nomeando à minha curiosidade flamejante, essas estranhas figuras, que eu comparava, rindo, às duma mascarada fabulosa, arranjada por um arqueólogo, em noite de folia erudita, para reproduzir as «modas» dos Semitas e os seus «tipos» através das idades:—aqui fellahs, ridentes e ágeis na sua longa camisa de algodão azul; além Beduínos sombrios, movendo gravemente os pés entrapados em ligaduras, com o pesado alfanje de bainha escarlate pendurado no peito; mais longe abadiehs, de grenha em forma de meda, eriçada de longas cerdas de porco-espinho, que os coroam duma auréola negra... Estes, de porte insolente, com compridos bigodes esvoaçando ao vento, armas ricas reluzindo nas cintas de seda, e curtos saiotes tufados e encanudados, eram Arnautas da Macedônia; aqueles, belas estátuas gregas esculpidas em ébano, eram homens do Senar; os outros, com a cabeça envolta num lenço amarelo, cujas franjas imensas Lhes faziam uma romeira de fios de ouro, eram cavaleiros do Hejaz... E quantos ainda ele me fazia distinguir e compreender!
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