e em meio do Loreto, à hora em que os Diretores Gerais sobem devagar da Arcada, abria os braços e bradava:—«Eu sou a Porta!» Não mergulhei no Apostolado babista—mas sucedeu que, enlevado nestas fantasmagorias, me perdi de Fradique. E não sabia o caminho do Hotel Sheperd,—nem, para dele me informar, outros termos úteis, em árabe, além de água e amor! Foram angustiosos momentos em que farejei estonteado pelo largo de El-Azhar, tropeçando nos fogareiros onde fervia o café, esbarrando inconsideradamente contra rudes beduínos armados. Já por sobre a turba atirava, aos brados, o nome de Fradique—quando topei com ele olhando placidamente uma almée que dançava...
Mas seguiu logo, encolhendo os ombros. Nem me permitiu adiante admirar um poeta, que, em meio de fellahs pasmados e de Mohrebinos arrimados às lanças, lia, numa toada langorosa e triste, tiras de papel ensebado. A Dança e a Poesia, afirmava Fradique, as duas grandes artes orientais, iram em misérrima decadência. Numa e outra se tinham perdido as tradições do estilo puro. As almées, pervertidas pela influência dos casinos do Ezbequieh onde se perneia o cancã—já poluíam a graça das velhas danças árabes, atirando a perna pelos ares à moda vil de Marselha!
E na Poesia triunfava a mesma banalidade, mesclada de extravagância. As formas delicadas do classicismo persa nem se respeitavam,