impressionava—era o seu poder de definir. Possuindo um espírito que via com a máxima exatidão; possuindo um verbo que traduzia com a máxima concisão—ele podia assim dar resumos absolutamente profundos e perfeitos Lembro que uma noite, na sua casa da Rua de Varennes, em Paris, se discutia com ardor a natureza da Arte Repetiram-se todas as definições de Arte, enunciadas desde Platão: inventaram-se outras, que eram, como sempre, o fenômeno visto limitadamente através dum temperamento. Fradique conservou-se algum tempo mudo, dardejando os olhos para o vago. Por fim, com essa maneira lenta, (que para os que incompletamente o conheciam, parecia professoral) murmurou, no silêncio deferente que se alargara:—«A Arte é um resumo da Natureza feito pela imaginação».
Certamente, não conheço mais completa definição de Arte! E com razão afirmava um amigo nosso, homem de excelente fantasia, que «se o bom Deus, um dia, compadecido das nossas hesitações, nos atirasse lá de cima, do seu divino ermo, a final explicação da Arte, nós ouviríamos ressoar entre as nuvens, soberba como o rolar de cem carros de guerra, a definição de Fradique!»
A superior inteligência de Fradique tinha o apoio duma cultura forte e rica. Já os seus instrumentos de saber eram consideráveis. Além dum sólido conhecimento