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Página:A correspondencia de Fradique Mendes (1902).djvu/90

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E a minha religião está toda no credo do Atanásio, com uma pequena variante:—Creio na Vida toda-poderosa, criadora do Céu e da Terra...»

Quando começou, porém, a nossa intimidade, em 1880, o seu inquieto espírito mergulhava de preferência nas ciências sociais, aquelas sobretudo que pertencem à Pré-História—a Antropologia, a Linguística, o estudo das Raças, dos Mitos e das Instituições Primitivas. Quase todos os três meses, altas rumas de livros enviadas da casa Hachette, densas camadas de Revistas especiais, alastrando o tapete da Caramânia, indicavam-me que uma nova curiosidade se apoderara dele com intensidade e paixão. Conheci-o, assim, sucessiva e ardentemente ocupado com os monumentos megalíticos da Andaluzia; com as habitações lacustres; com a mitologia dos povos Arianos; com a magia Caldaica; com as raças Polinésias; com o direito costumário dos Cafres; com a cristianização dos Deuses Pagãos... Estas aferradas investigações duravam enquanto podia extrair delas alguma emoção ou surpresa intelectual». Depois, um dia. Revistas e volumes desapareciam, e Fradique anunciava triunfalmente, alargando os passos alegres por sobre o tapete livre:—«Sorvi todo o Sabeísmo!», ou «Esgotei os Polinésios!»

O estudo porém a que se prendeu ininterrompidamente, com especial constância, foi o da História. «Desde pequeno (escrevia ele a Oliveira Martins, numa