Desde 1880, os seus movimentos pouco a pouco se concentraram entre Paris e Londres—com excepção das «visitas filiais» a Portugal: porque, apesar da sua dispersão pelo Mundo, da sua facilidade em se nacionalizar nas terras alheias, e da sua impersonalidade crítica, Fradique foi sempre um genuíno português, com irradicáveis traços de fidalgo ilhéu.
O mais puro e íntimo do seu interesse deu-o sempre aos homens e às coisas de Portugal. A compra da quinta do Saragoça, em Sintra, realizara-a (como diz numa carta a F. G., com desacostumada emoção) «para ter terra em Portugal, e para se prender pelo forte vínculo da propriedade ao solo augusto donde um dia tinham partido, levados por um ingênuo tumulto de ideias grandes, os seus avós, buscadores de mundos, de quem ele herdara o sangue e a curiosidade do além!»
Sempre que vinha a Portugal ia «retemperar a fibra» percorrendo uma província, lentamente, a cavalo—com demoras em vilas decrépitas que o encantavam, infindáveis cavaqueiras à lareira dos campos, fraternizações ruidosas nos adros e nas tavernas, idas festivas a romarias no carro de bois, no vetusto e venerável carro sabino, toldado de chita, enfeitado de louro. A sua região preferida era o Ribatejo, a terra chã da leziria e do boi. «Aí (diz ele), de jaleca e cinta, montado num potro, com a vara de campino erguida, correndo entre as manadas de