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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/103

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Transida de horror comprehendeo, que um destino implacavel a entregava victima indefesa entre as mãos de seo tenaz e desalmado perseguidor. Sabedora da miseranda sorte de sua mãe, não encontrava em sua imaginação abalada outro remedio a tão cruel situação senão resignar-se e preparar-se para o mais atroz dos martyrios. Um cruel desalento, um pavor mortal apoderou-se de seo espirito, e a infeliz, pálida, desfeita, e como que hallucinada, ora vagava á tôa pelos campos, ora escondida nas mais espessas moitas do pomar, ou nos mais sombrios recantos das alcovas, passava horas e horas entre sustos e angustias, como a timida lebre, que vê pairando no céo a aza sinistra do gavião de garras sangrentas. Quem poderia amparal-a? onde poderia encontrar protecção contra as tyranicas vontades de seo libertino e execravel senhor? Só duas pessoas poderião ter por ella commiseração e interesse; seo pae e Malvina. Seo pae, obscuro e pobre feitor, não tendo ingresso em casa de Leoncio, e só podendo communicar-se com ella a custo e furtivamente, em pouco ou nada podia valer-lhe. Malvina, que sempre a havia tratado com tanta bondade e carinho, ai! a propria Malvina, depois da scena escandalosa em que colhera seo marido, dirigindo a Isaura palavras enternecidas, começou a olhal-a com certa desconfiança e afastamento, terrivel effeito