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uma ceia esplendida no melhor hotel desta cidade; bem entendido, se encartar a minha bisca.

— Dessa ceia estamos nós bem livres, pobre comedor de bacalháo ardido, e por que não é possivel haver quem adivinhe as asneiras que passam lá por esses teos miolos extravagantes. O que queremos é o teo dinheiro aqui sobre a mesa do lansquenet.

— Ora deixem-me em paz, — disse Martinho, com os olhos attentamente dirigidos para o salão de dança. — Estou calculando o meo jogo... supponhão que é o xadrez, e que eu vou dar cheque-mate á rainha... dito e feito, e os cinco contos são meos...

— Não ha duvida, o rapaz está doudo varrido... Anda lá, Martinho; descobre o teo jogo, ou vae-te embora, e não nos estejas a massar a paciencia com tuas maluquices.

— Malucos são vocês. O meo jogo é este... mas quanto me dão para descobril-o? olhem que é cousa curiosa.

— Queres-nos atiçar a curiosidade para nos chuchar alguns cobres, não é assim?.. pois desta vez affianço-te da minha parte, que não arranjas nada. Vae-te aos diabos com o teo jogo, e deixa-nos cá com o nosso. Ás cartas, meos amigos, e deixemos o Martinho com suas maluquices.

— Com suas velhacarias, dirás tu... não me pilha.