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uma sala de baile!.. Ora não faltava mais nada! Se andasse á cata de alguma princeza, de certo a iria procurar nos quilombos.
— Mas talvez seja algum pajem, ou alguma mucama, que por ahi anda.
— Não me consta que haja nenhum pajem nem mucama ali dansando, e elle não tira os olhos dos que dansão.
— Deixál-o; este rapaz, além de ser um vil traficante, sempre foi um maniaco de primeira força.
— E’ ella! — disse o Martinho, deixando a porta, e voltando-se para seos companheiros; — é ella; já não tenho a menor duvida; é ella, e está segura.
— Ella quem, Martinho?...
— Ora! pois quem mais ha-de ser?...
— A escrava fugida?!....
— A escrava fugida, sim, senhores!.. e ella está ali dansando.
— Ah! ah! ah! ora vamos ver mais esta, Martinho!.. até onde queres levar a tua farça? deve ser galante o desfecho. Isto é impagavel, e vale mais que quantos bailes ha no mundo.
— Se todos elles tivessem um episodio assim, eu não perdia nem um. — Assim clamavão os moços entre estrondosas gargalhadas.
— Vocês zombão? — olhem que a farça cheira um pouco a tragedia.