Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/174

Wikisource, a biblioteca livre

164

— Sem mais nem menos; deo no vinte, — atalhou Martinho, e chamando-os para junto da porta:

— Agora venhão cá, — continuou, — e reparem naquella bonita moça, que dansa de par com Alvaro. Pobre Alvaro, como está cheio de si! se soubesse com quem dansa, cahia-lhe a cara aos pés. Reparem bem, meos senhores, e vejão se não combinão perfeitamente os signaes?..

— Perfeitamente! — acudio um dos moços, — é extraordinario! lá vejo o signalsinho na face esquerda, e que lhe dá infinita graça. Se tiver a tal aza de borboleta sobre o seio, não pode haver mais duvida. O’ céos! é possivel que uma moça tão linda seja uma escrava!

— E que tenha a audacia de apresentar-se em um bailes destes? — accrescentou outro. — Ainda não posso capacitar-me.

— Pois cá para mim, — disse o Martinho — o negocio é liquido, assim como os cinco contos, que me parece estarem já me cantando na algibeira; e até logo, meos caros.

E dizendo isto dobrou cuidadosamente o annuncio, meteo-o na algibeira, e esfregando as mãos com cynico contentamento, tomou o chapéo, e retirou-se.

— Forte miseravel!.. — disse um dos comparsas — que vil ganancia de ouro a deste Martinho! estou vendo, que é capaz de fazer prender aquella moça aqui mesmo em pleno baile.