Página:A escrava Isaura (1875).djvu/243

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Mas a alma ardente e feroz do joven fazendeiro não desistia nunca de seo louco amor, e nem perdia a esperança de vencer a isenção de Isaura.

E já não era só o amor ou a sensualidade, que o arrastava, era um capricho tyrannico, um desejo feroz e satanico de vingar-se della e do rival preferido. Queria gozal-a, fosse embora por um só dia, e depois de profanada e polluida, entregal-a desdenhosamente ao seo antagonista, dizendo-lhe: — Venha comprar a sua amante; agora estou disposto a vendel-a, e barato.

Encetou pois contra ella nova campanha de promessas, seducções e protestos, seguidos de ameaças, rigores e tyrannias. Leoncio só recuou diante das torturas e da violencia brutal, não por que lhe faltasse ferocidade para tanto, mas por que conhecendo a tempera heroica da virtude de Isaura, comprehendeo que com taes meios só conseguiria matal-a, e a morte de Isaura não satisfazia o seo sensualismo, e nem tão pouco a sua vingança. Portanto tratou de meditar novos planos, não só para recalcar debaixo dos pés o que elle chamava o orgulho da escrava, como de frustrar e escarnecer completamente as vistas generosas de Alvaro, tomando assim de ambos a mais cabal vingança.

Além de tudo, Leoncio via-se na absoluta necessidade de reconciliar-se com Malvina, não que o pundonor, a moral, e muito menos a affeição