Página:A escrava Isaura (1875).djvu/249

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tem dado, e venho propor-lhe um meio de acabarmos de uma vez para sempre com as desordens, intrigas e transtornos, com que sua filha tem perturbado minha casa e o soсego de minha vida.

— Estou prompto para qualquer arranjo, senhor Leoncio, — respondeo respeitosamente Miguel, — uma vez que seja justo e honesto.

— Nada mais honesto, nem mais justo. Quero casar sua filha com um homem de bem, e dar-lhe a liberdade; porém para esse fim preciso muito de sua coadjuvação.

— Pois diga em que lhe posso servir.

— Sei que Isaura ha-de sentir alguma repugnancia em casar-se com a pessoa que lhe destino, em razão de tola e extravagante paixão, que parece ainda ter por aquelle infame peralvilho de Pernambuco, que metteo-lhe mil caraminholas na cabeça, e encheo-a de idéas extravagantes e loucas esperanças.

— Creio que ella não deve lembrar-se desse moço senão por gratidão....

— Qual gratidão!.. pensa vm.ce que elle está fazendo muito caso della?.. tanto como do primeiro sapato que calçou. Aquillo foi um capricho de cabeça estonteada, uma phantasia de fidalgote endinheirado, e a prova aqui está; leia esta carta... O patife tem a sem cerimonia de escrever-me, como se entre nós nada houvesse, assim com ares