Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/251

Wikisource, a biblioteca livre

241

que é de muita vantagem, e eu não só lhe perdoarei tudo quanto me fica devendo, como lhe restituo o que já me deo, para vm.ce abrir um negocio aqui em Campos e viver tranquillamente o resto de seos dias, em companhia de sua filha e de seo genro.

— Mas quem é esse genro? Vª. Sª. me não disse ainda.

— E’ verdade;... esquecia-me. E’ o Belchior, o meo jardineiro; não conhece?...

— Muito!... oh! senhor!... com que miseravel figura quer casar minha filha!.. pobre Isaura!.. duvido muito que ella queira.

— Que importa a figura, se tem uma boa alma, e é honesto e trabalhador?..

— Lá isso é verdade; o ponto é ella querer.

— Estou certo que aconselhada e bem catechisada por vm.ce ha-de se resolver.

— Farei o que puder; mas tenho poucas esperanças.

— E se não quizer, peor para ella e para vm.ce: o dito por não dito; fica tudo como estava, — disse terminantemente Leoncio.

Miguel não era homem de tempera a luctar contra a adversidade. O captiveiro e reclusão perenne de sua filha, a miseria que se lhe antolhava acompanhada de mil angustias, erão para elle phantasmas hediondos, cujo aspecto não podia encarar sem sentir mortal pavor e abatimento.