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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/26

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A ESCRAVA ISAURA

onde procurava allivio ou distracção aos achaques, que o atormentavão.

Leoncio achára desde a infancia nas larguezas e facilidades de seos paes amplos meios de corromper o coração e extraviar a intelligencia. Máo alumno e creança incorrigivel, turbulento e insubordinado, andou de collegio em collegio, e passou como gato por brasas por cima de todos os preparatorios, cujos exames todavia sempre salvára á sombra do patronato. Os mestres não se atrevião a dar ao nobre e munifico commendador o desgosto de ver seo filho reprovado. Matriculado na escola de medicina logo no primeiro anno enjoou-se daquella disciplina, e como seos paes não sabião contrarial-o, foi-se para Olinda afim de frequentar o curso juridico. Ali depois de ter dissipado não pequena porção da fortuna paterna na satisfação de todos os seos vicios e loucas fantasias, tomou tedio tambem aos estudos juridicos, e ficou entendendo, que só na Europa poderia desenvolver dignamente a sua intelligencia, e saciar a sua sêde de saber, em puros e abundantes mananciaes. Assim escreveo ao pae, que deo-lhe credito e o enviou a Paris, donde esperava vel-o voltar feito um novo Humboldt. Installado naquelle vasto pandemonium do luxo e dos prazeres, Leoncio raras vezes, e só por desfastio, ia ouvir as eloquentes prelecções dos eximios professores da época, e nem tão pouco era visto nos museos, institutos e biblio-